
Reconhecer, Validar, Certificar: A Educação como Caminho de Mudança

A função de Técnica de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC) representa um papel fundamental na educação de adultos, permitindo que cada indivíduo valorize as aprendizagens adquiridas ao longo da vida e as transforme em qualificações formais. O trabalho desenvolvido nesta função vai muito além da avaliação de competências: implica uma abordagem humana, de escuta ativa e de orientação, ajudando cada candidato a reconhecer o seu potencial e a projetar um futuro mais qualificado e promissor.
O percurso de um adulto que decide retomar os estudos ou validar a sua experiência profissional nem sempre é linear. Muitas vezes, encontra-se marcado por inseguranças, desmotivação ou mesmo pela crença de que já não vale a pena investir na educação. A Técnica de RVCC desempenha, assim, um papel essencial na orientação e no acompanhamento dos candidatos, assegurando que cada um compreenda o processo, reconheça as suas competências e se sinta motivado para concluir o percurso de qualificação. Além disso, a função inclui a coordenação dos processos de reconhecimento, validação e certificação de competências, bem como a participação na Comissão de Avaliação e Certificação, garantindo que cada candidato seja avaliado de forma rigorosa e justa.
O acesso a esta profissão exige formação superior e experiência em áreas como a orientação escolar e profissional, a educação e formação de adultos e as metodologias de balanço de competências e construção de portefólios. O trabalho desenvolve-se essencialmente em Centros Qualifica e outras redes locais que atuam na certificação de competências, possibilitando a adultos de diferentes contextos obter qualificações que lhes permitam melhorar a sua situação profissional e pessoal.
O impacto desta função na vida das pessoas é inegável e constitui um dos principais fatores de motivação para quem escolhe este percurso profissional. A oportunidade de contribuir para a valorização pessoal e profissional de outros, ajudando-os a reconhecer as suas competências e a prosseguir os seus estudos, representa uma das maiores gratificações da profissão. Saber que, com o acompanhamento certo, alguém pode ganhar confiança, acreditar em si mesmo e, quem sabe, mudar de vida, é uma experiência profundamente enriquecedora.
Falo com propriedade sobre este impacto porque eu própria percorri este caminho. Aos 49 anos, concluí o 12.º ano através do programa Qualifica. Aos 51, ingressei na Universidade Aberta para realizar um objetivo há muito adiado: a licenciatura em Educação. Hoje, aos 54 anos, estou prestes a concluir esta etapa e a transformar significativamente a minha vida profissional. Depois de anos a exercer funções como auxiliar de ação educativa, pretendo agora assumir um novo desafio: tornar-me Técnica Orientadora de RVCC e ajudar outros a percorrer um caminho semelhante ao meu.
Apesar das inúmeras gratificações, esta função também apresenta desafios. Os horários podem ser variáveis e as condições de trabalho exigem flexibilidade, especialmente no acompanhamento individualizado dos candidatos. Além disso, a motivação dos formandos pode ser um obstáculo, exigindo estratégias adequadas para garantir o seu envolvimento ao longo do processo. No entanto, os desafios não diminuem a importância do trabalho desenvolvido, mas reforçam a necessidade de profissionais capacitados e empenhados.
Ser Técnica de RVCC é, mais do que uma profissão, um compromisso com a transformação de vidas. Tendo sido beneficiária deste processo, sei em primeira mão o impacto que ele pode ter e a diferença que pode fazer. Por isso, encaro esta escolha profissional como um prolongamento do meu próprio percurso, uma forma de retribuir e de inspirar outros a acreditarem que nunca é tarde para aprender, crescer e construir um futuro melhor.