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Reflexão sobre experiências pessoais e estratégias de superação utilizadas
A chegada de dezenas de refugiados ucranianos ao agrupamento de escolas onde trabalho como auxiliar de ação educativa representou um desafio significativo, tanto a nível profissional como pessoal. De um momento para o outro, a escola passou a acolher alunos que não falavam português, desconheciam as dinâmicas do sistema de ensino nacional e, acima de tudo, traziam consigo experiências profundamente marcadas pelo conflito armado que assolava o seu país.
A barreira linguística revelou-se um dos primeiros e mais evidentes obstáculos, dificultando a comunicação e a integração destes alunos no ambiente escolar. Além disso, a carga emocional associada à sua vivência exigia um acolhimento sensível e humanizado, de forma a proporcionar-lhes um espaço seguro onde pudessem sentir-se apoiados. Paralelamente, a necessidade de adaptação rápida impunha-se a toda a comunidade educativa, que teve de encontrar formas eficazes de garantir que estes alunos se sentissem incluídos e valorizados.
Perante este cenário, desenvolvi um conjunto de estratégias e competências fundamentais para ultrapassar os desafios apresentados. Em primeiro lugar, a capacidade de adaptação e de resolução de problemas revelou-se essencial para encontrar soluções alternativas de comunicação, recorrendo a tradutores online, linguagem gestual e até ao apoio de alunos que dominavam o inglês, facilitando a interação no quotidiano escolar. Paralelamente, a empatia e a inteligência emocional assumiram um papel central, pois compreendi que, para além da transmissão de informações práticas, era necessário criar laços de confiança e garantir que estes alunos percecionavam a escola como um espaço de acolhimento e estabilidade.
A colaboração e o trabalho em equipa foram igualmente determinantes. Em articulação com docentes, técnicos especializados e outros auxiliares, contribuí para a implementação de medidas facilitadoras da integração destes alunos, como a definição de rotinas estruturadas, a nomeação de colegas "tutores" que os ajudassem na adaptação e a criação de momentos específicos de apoio. O contacto com redes institucionais e organizações locais foi também crucial, permitindo encaminhar alunos e famílias para recursos que lhes garantissem o apoio necessário, seja ao nível psicológico, social ou educativo.
Esta experiência não só me permitiu desenvolver competências fundamentais como reforçou a minha convicção sobre a importância de um ambiente escolar verdadeiramente inclusivo. A capacidade de responder a desafios inesperados, de trabalhar em equipa e de recorrer a diferentes estratégias de integração demonstrou-me que a educação tem um papel transformador e que, com empatia, resiliência e colaboração, é possível fazer a diferença na vida daqueles que mais precisam. Além disso, consolidou o meu interesse pela orientação e reconhecimento de competências, evidenciando a importância de adaptar o ensino às especificidades e trajetórias individuais, contribuindo para um percurso educativo mais significativo e ajustado à realidade de cada aluno.